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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

INTERESSES PRIVADOS, INSEGURANÇA PÚBLICA (violência parte I)

A polícia apresenta suas armas, escudos transparentes,
Cassetetes, capacetes reluzentes, e a determinação de manter
Tudo em seu lugar.
O governo apresenta suas armas,
Discurso reticente, novidade inconsistente
E a liberdade cai por terra
Aos pés de um filme de Godard
(Herbert Vianna)

A crescente onda de violência nos centros urbanos preocupa a população que sofre com a falta de segurança, que cresce de forma cada vez mais exorbitante, e a sensação é que os fatos reais vão além das estatísticas apresentada pelos órgãos responsáveis, e divulgados nos meios de comunicação. A segurança é considerada um direito básico de todo cidadão, e garantida pela constituição federal, porém já se tornou um grave problema social pela sua proliferação nas diversas camadas da população brasileira e mundial.
O governo que é responsável por garantir segurança aos cidadãos carrega em si uma grande contradição, pois as instituições governamentais que cuidam da segurança dispõem de instrumentos repressivos que ao invés de garantir a ordem provoca revolta e insegurança na sociedade. A criminalização do indivíduo no Brasil sofreu algumas alterações, mas ainda há vestígios do período de ditadura vivenciado no país, principalmente na figura exercida pelo policial, que carrega grande status na representação de poder e autoridade, por isso o cargo não deixa de ser um emprego bastante almejado, o que pode representar um grande perigo, por existir pessoas, que possuem um instinto justiceiro, maior que o controle psicológico.
E cada vez que as instituições de segurança se revestem de aparatos tecnológicos fica evidente o distanciamento dos órgãos com a sociedade, e revela também que o poder público não tem o interesse em contribuir na formação social do cidadão “crianças, jovens e adolescentes”. Tal como pude ver na parede de uma cidade no interior de Goiás que dizia algo mais ou menos assim, “cuidai de vossas crianças, para que não seja preciso punir os homens”. É necessário pensar o que provoca a violência, inegavelmente é um problema social também, e isso, não é questão de polícia.
Nas últimas noticias sobre segurança mostrou que Goiânia tem cerca de 10 mil câmeras nas ruas da cidade, equipamentos de alta tecnologia, uma câmera para cada 120 moradores. Não há o mínimo de interesse de julgar a eficiência das câmeras e aparatos tecnológicos, mas é fato que os índices concretos de violência não diminuíram e a sociedade não sente maior segurança por isso, ao contrário, existe a sensação de estar sendo vigiada. E isto afasta cada vez mais o sonho de um sistema de segurança comunitário, com agentes que auxilie a sociedade nos bairros, nas ruas e praças. A manchete do mesmo jornal alguns dias depois, mostrou que a polícia não consegue reduzir os índices de violência na capital.
Neste ano de 2009 a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), realizou dentro da campanha da fraternidade um tema relacionado com segurança pública, FRATERNIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA, com o lema A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA. O interesse em debater segurança pública, com a finalidade de colaborar na criação de condições mínimas de convivência, portanto ter uma vida melhor por meio da promoção da cultura da paz, fundamentada na justiça social é válido e convoca a todos para responsabilidade de contribuir e agir conscientemente nas atividades sociais.
A sociedade pode estar secularizada ou laicizada na vida pública, mas isso não exclui que a religião tenha uma forte presença nas questões sociais. É uma importante manifestação da igreja com um tema que é de todos os brasileiros, e existe a necessidade das instituições (eclesiais, privadas etc.) se abrirem ao diálogo com a sociedade, infelizmente não conseguiremos respostas prontas sobre segurança no país, mas é através das relações que iremos conseguir encontrar um possível caminho. Se procurarmos entender qual é o movimento da violência, na maioria das vezes iremos ver que é da periferia para o centro, agora por que acontece isso? Quem está na periferia? O que falta na periferia? Qual é a solução? A partir de experiências não muito agradáveis é possível encontrar essas respostas.
A marginalização de alguns bairros nas regiões metropolitanas é comum, isso por carregar um longo histórico violento de roubos, assaltos, assassinatos e mortes. É uma generalização que mancha não só um bairro ou região, mas cada cidadão íntegro que ali habita, vale ressaltar que, cidadãos que pagam impostos, por isso é necessário saber nestes que casos que o poder público se oculta. Alguém financia a violência por não agir contra ela, e por desviar dinheiro que seria destinado a saná-la. Onde somente existe a cobrança de impostos, e não há direitos básicos “saneamento, saúde, segurança” inevitavelmente cresce uma ali população carente e enferma.
Garantir segurança não é domesticar os cidadãos, mas sim fazer valer a liberdade de cada um em exercer suas atividades cotidianas, e não é uma liberdade vigiada. A violência e a crescente criminalização não é problema único do setor público. Estão incluídos no processo entidades e instituições que compõem a sociedade, que fazem parte no processo de formação de um cidadão, envolvidos dentre outras, (família, a escola, professor, igreja etc.) Investir somente em instrumentos tecnológicos e de coerção física na tentativa de reprimir os transgressores da lei, é abandonar a oportunidade de investir na formação básica de qualidade dos cidadãos, portanto se deixa de cultivar a cultura da paz, para esperar por mais um bandido.

Um comentário:

  1. A violência é algo vivenciado por todos os cidadãos, independente da posição geográfica que hábita. Nesta primeira análise é uma abordagem generalisada. Um outro ponto importante é o papel da mídia no processo de massificação da violência, afinal ela revela fatos ou valoriza o mal?..Obrigado, espero sugetões e críticas

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