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domingo, 21 de fevereiro de 2010

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

É impressionante quanta riqueza a campanha da fraternidade de 2010 nos traz. Primeiramente por ser ecumênica, isso explicita o caráter de diálogo das igrejas cristãs participantes do CONIC (conselho nacional das igrejas cristãs). Bastaria-me o primeiro verso do hino da campanha pra sentir toda ressonância do evangelho. “Jesus Cristo anunciava por primeiro, um novo reino de justiça e seus valore: (Mt 4,17). Vós não podeis servir a Deus e o dinheiro. E muito menos agradar a dois senhores.: (Mt 6, 24)
A campanha traz em seu objetivo central o desejo de construção de uma nova sociedade. Essa campanha não visa somente à educação pra um novo modelo econômico, mas instiga-nos a reafirmarmos nossos próprios sacramentos, (batismo, crisma e eucaristia), pois é uma campanha contra o sistema predominante, tal qual era o período romano em que Jesus viveu. Toda a vida de Jesus foi um testemunho de simplicidade no uso dos bens materiais, de solidariedade com os pobres, de distribuição gratuita dos dons de Deus.
A quaresma é o ambiente ideal para a vivência de uma união fraterna e solidária, não só ideal, mas fundamental para a nossa conversão. É tempo de penitência, de conversão, voltemo-nos ao sentido: “Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? – diz o senhor Deus: é romper as cadeias injustas, desatar as cordas do julgo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo. É repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante. Então, tua luz surgirá como a aurora, e tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se; tua justiça caminhará diante de ti, e a glória do Senhor seguirá na tua retaguarda. Então, as tuas invocações, o senhor responderá e a teus gritos dirá: “Eis-me aqui!”. Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as mas conversações; se deres teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz se levantará na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno.” (is 58, 6-10).
Jesus Cristo, assim como Moisés, ouviu e viveu a palavra do Pai, e manteve se atento ao anuncio feito pelo profeta Isaias. A partilha é por excelência o grande ensinamento de Jesus: Produzi frutos de partilha e de justiça ! (Lc 3,8.11). É no pão que Jesus se da a conhecer, é pelo gesto do pão que disse Jesus: Fazei isto em memória de mim!
Fazer o que na verdade? Infelizmente é a situação que muitos de nós encontramos, dizemos sim, mas não sabemos a que. Quando somos mergulhados no batismo, somos uma nova criatura em Cristo. É um gesto de adesão a missão cristã. Quando aceitamos o seu corpo e seu sangue dizemos sim a todo seu propósito de vida, de denunciar as injustiças, anunciar o amor e o perdão do Pai.
A campanha da fraternidade nos faz um convite a viver o verdadeiro sentido da quaresma. Para que possamos nos abrir a caridade e a justiça que são preceitos básicos para a convivência social e manutenção do bem comum. Caridade e a justiça – é o liame interior da vida social, a primeira ensina a vencer o egoísmo e incute a consciência de sociedade que une todas as pessoas; a segunda estabelece o reconhecimento e o respeito aos direitos do “outro”.
Ser solidário é reconhecer a nossa semelhança com o Pai. A campanha da fraternidade enfoca a economia, ao consumo desnecessário de bens supérfluos. É importante que reconheçamos que o modelo da atual economia é baseado no capital, ou melhor, na acumulação de capital. E vários problemas decorrem da falta de condições de sobrevivência de uns, e egoísmo de outros. A violência generalizada nas favelas e subúrbios do Brasil é o reflexo imediato de tal descaso. A segregação social produzida pela convenção do trabalho, pela mecanização da mão de obra, conduz o pobre à condição de fome e de miséria . A falta de políticas públicas que forneça educação básica, cidadã e civil desencadeia em violência. É o egoísmo e a indiferença humana que destrói a vida dos filhos de Deus.
São por esses motivos que digo que essa campanha nos convoca a rever as nossas práticas de cristãos, a refazer nosso “discurso” e planejar a nossa ação. Jesus Cristo confiou no projeto do Pai e seguiu até o fim. E nós, maravilhados com o Cristo salvador e libertador, assumimos sua missão através da Eucaristia.
Esse instinto de solidariedade nos é dado pelo próprio Cristo, e Paulo revela comunidade romana: “Nós, que somos mais fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos e não buscar a nossa própria satisfação. Cada um de nós procure agradar ao próximo, em favor do bem para a construção” (Rm 15, 1-2). A palavra economia vem do grego oikos + nomos e significa administração da casa, ou seja, gestão da casa que habitamos.
Cuidemos da nossa casa apresentando os valores de justiça e caridade. Queremos como cristo frutificar os dons do amor, viver de forma plena e repartir a felicidade. Cuidemos da vida humana, promovendo dignidade e paz. É no amor, no evangelho que encontrais a luz divina, não no supérfluo na cobiça e ambição. Chegou o reino: convertei-vos no amor ! (Mt 6,24).

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